07/03/2018

Poemetos

      Costume solitário (em poemeto)
Acostuma-te a dormir na escuridão,/
sem haver quem te olhar de madrugada,/
que é assim uma noite acompanhada/
por fantasma da tristonha solidão./

De manhã, não encontrarás refeição;/
o almoço — tu vais procurar lá fora.../
a merenda vai chegar fora de hora.../
e o jantar — quem diria? — é um leitinho!/

Curtirás o penar de um passarinho/
ou de ovelha, sem bando ou sem rebanho,/
que é feliz porque pode tomar banho/
a dois metros da ração e a um do ninho.

Obs.: os quartetos acima contêm cada verso hendecassílabo (com 11 sílabas métricas).

Curiosidade sobre a forma poética: juntando os quartetos do poemeto acima, vai se formar uma estrofe bárbara com 12 versos, como se vê abaixo (estrofe bárbara é aquela que tem mais de 10 versos).

      Costume solitário (em estrofe bárbara)
Acostuma-te a dormir na escuridão,/
sem haver quem te olhar de madrugada,/
que é assim uma noite acompanhada/
por fantasma da tristonha solidão./
De manhã, não encontrarás refeição;/
o almoço — tu vais procurar lá fora.../
a merenda vai chegar fora de hora.../
e o jantar — quem diria? — é um leitinho!/
Curtirás o penar de um passarinho/
ou de ovelha, sem bando ou sem rebanho,/
que é feliz porque pode tomar banho/
a dois metros da ração e a um do ninho.

      Tercetos de um sábio
Um sábio precisa ter
cuidado para ensinar
só a quem quer aprender.

Quem não quer, ou sabe tudo,
convém mais ele escutar
atento e mudo ou sisudo.

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