07/06/2018

Poema do dentista. Homenagem ao Dentista e contrapeso da competência

POEMA DO DENTISTA: 
Homenagem ao mérito
Contrapeso da competência
Cogitação geral

O poema totaliza 23 estrofes.

POEMA DO DENTISTA

1ª Parte- Homenagem ao mérito

I- Sequência de funcionamento

    1) Reconhecimento aludido
Quem merece esta homenagem?
É o Excelente Dentista
de padrão perfeccionista,
com benefício e vantagem:
começa pela triagem
na consulta inicial;
faz o esquema dental
e encaminha o doente
à sala subsequente
do outro profissional.

    2)  Encaminhamento pela ficha
Esse outro toma conta
do paciente e dentição,
fazendo restauração,
até ficar toda pronta;
"procura, encontra e aponta"
mais algum procedimento
para fazer tratamento.
“E com a mão habilidosa,
na ficha minuciosa,
faz novo encaminhamento.”

    3)  Sequência do tratamento
O terceiro dá sequência
ao referido processo;
“os dentes têm abcesso,
ele tem a competência”.
Com esmero e diligência,
faz cirurgia e canal —
um tratamento dental
de alta complexidade
que retira a enfermidade
e traz saúde bucal.

    4) Estágio de outro profissional
Examina o prontuário
em desenho, linha e tópico;
tem seu “olho microscópico,
vê o que está ao contrário...".
Orienta estagiário
para também se formar;
quem sabe, queira mostrar
“com quantos dentes, é feito
um profissional perfeito”
para melhor trabalhar.

II- Característica profissional

    1) Nível de alta categoria
Mantém-se alto padrão
da classe ou categoria
pela Odontologia
que merece esta menção.
Dentista é cirurgião:
é “Cirurgião-dentista”;
“artífice especialista”,
mostrando que a Faculdade
tem uma "especialidade"*
que forma esse “atípico artista”.

*não se refere ao nível de Especialização de pós-graduado, mas bem pode ser, com "mais especialidade" ainda.

    2) Mais além da expectativa
O Dentista que se apura
na sua "especialidade"
não a faz pela metade:
ultrapassa a conjectura.
Considera a dentadura
uma pérola de cristal;
joia sem preço venal
que tem valor de estima
infinitamente acima
do interesse pessoal.

    3) Persistente conhecido
O Dentista "foi ungido¹
com o óleo da providência²”;
procura com persistência
algum "tormento escondido
no dente tão dolorido
que ninguém pode tocá-lo!".
Seu desígnio é preservá-lo
limpo, sadio e sem dor.
Para acabar com o horror,
acha a forma de tratá-lo.

¹ ungir: sagrar; investir de autoridade por meio de sagração; em sentido figurado, tornar mais puro.
² disposição prévia dos meios necessários para a consecução de um fim.

III- Agradecimento e diferença

    1) Trauma e agradecimento
Tive um dente que doía
com a água e com o vento.
“Dói até meu pensamento”
quando eu lembro o que sentia:
não pegou anestesia...
embaçou a minha vista...
Não há nervo que resista
à dor pela qual passei.
Mas, pelo que me curei,
“eu agradeço ao Dentista!”.

    2) Estrelana Superlativa
É digna de ser notada
na Arte de Curar Dente,
sendo "muito competente"¹
na tarefa executada — 
lá, no posto onde é lotada,
cinco dias por semana;
"quase sem 'bater pestana',
achou meu dente esquelético;
fez um tratamento estético".
Eis a doutora Estrelana².

¹muito competente: grau "superlativo" absoluto analítico, sendo o adjetivo enaltecido pelo advérbio.
²Estrelana é um nome fictício para uma pessoa verdadeira.

      3) Virando-se em dois, três...
Vós sois um odontólogo que atende bem —
na falta* de outro se não estudou,
se não sabe como e por que se formou;
se, ao consultório, mal chega ou não vem.
Sois um ótimo dentista que o sistema** tem
à disposição do seu público usuário;
que vira pediatra e geriatra dentário:
"só falta fazer brincadeira¹ e teatro²".
Sois vós um dentista, “valendo por quatro”³,
quando o consultório é deficitário.

*ou na vaga, no canto, no posto.
**sistema de saúde: conjunto das unidades de saúde: clínica, posto, esquadrão, etc que prestam serviço ao usuário público ou clientela particular.
¹ ²brincadeira para a criança e teatro para o idoso.
³aproximadamente.

      4) Caneta de alta rotação
(estrofe bárbara com 12 versos hendecassílabos) 

Assim como eu, há também muita gente
que "morre de medo", chegando ao dentista.
Aquele aparelho de odontologista
faz uma zoada que perturba a mente.
Com o assobio fino, a pessoa sente
doer a cabeça, o dente e o ouvido.
Eu sou, ao dentista, muito agradecido
quando ele elimina o barulho e a dor.
Ele é para mim, mais do que um doutor.
Encarna a figura de um ser poderoso:
um anjo de luz com poder milagroso
contra a dor de dente e daquele motor.

2ª Parte- Contrapeso da competência 
ou Apêndice da incompetência

I- Negações com indicações 

    1) "Genial extremista"
Se for um incompetente,
não sabe o que está dizendo:
"quando um dente está doendo,
ele diz que é outro dente".
E enlouquece um paciente
que vem gritando de dor.
Não é legítimo doutor
nem um genial dentista:
é só um "gênio extremista 
que extrapola o seu labor".

    2) Menos um, que atender mal
Não demora no apogeu
um profissional vexado,
malvisto, mal-educado
e bruto no gesto seu.
Nem parece que aprendeu
a lidar com paciente!
"Podia ir mais para frente
quando não comparecesse"*,
que odontólogo como esse
não faz falta ao contingente.

*quer dizer que "poderia nem voltar mais" quando faltasse para o atendimento.

      3) Menos outro sem a ficha 
Dentista que não observa o prontuário
no ato em que vai examinar o dente
conota¹ um "conceito insuficiente"²
perante o doente e seu imaginário.
Talvez contrarie o processo dentário,
"extraindo um dente sem ser o previsto".
Além de ficar detestado ou malvisto,
quer ver a pessoa "bater no hospício"³,
gemendo de novo, a partir do início 
com nova despesa e com mais imprevisto.

¹"conotar" aos olhos de um observador é mais leve do que "denotar" à luz de uma pesquisa.
²não se trata do conceito emitido pela supervisão, mas pode chegar ao mesmo. 
³brasileirismo.

        4) Procura e indicação 
Quem é o dentista que era melhor
não ir consultar em serviço* nenhum?
que deixa o paciente de mal a pior
"e, ao dente que dói, acrescenta mais um"?!
Seria indicado ele fazer algum
estágio acadêmico supervisionado — 
a fim de ser muito mais bem preparado
que é na cadeira onde está atendendo;
e assim não deixar mais um dente, doendo 
na boca de quem já chegou perturbado.

*da unidade de saúde: clínica, posto ou esquadrão.

II- Prótese de dor

    1) Prótese e grampo furador
A prótese dentária que é colocada
na boca de alguém para dar mais estética
transforma a pessoa em figura patética,
se não for bem-feita e bem-apresentada;
"tem grampo que fura, dá língua travada,
defeito na voz e problema na fala...".
Essa incompetência revolta e abala
quem paga um trabalho caríssimo como esse
e vê protesista* com desinteresse 
"no molde¹, na prova² e fugindo³ da sala".

*é o dentista protesista, mas a hipótese pode se estender ao protético
¹ ² dois momentos da confecção de uma prótese que parecem requerer do protético e do dentista a concentração de um monge e atenção de um ourives.
²saindo tão rápido que parece estar fugindo do consultório.

      2) Negação e prejuízo
       ou: Protesista e protético, um pelo outro
De quem é a conta¹, se um "protesista"
tira o molde da dentadura da gente
e faz pelo mesmo prótese diferente
daquela cujos dentes lhe dão a pista?
Não posso dizer se ele sofre da vista
ou se erra a mão e desmonta o que monta²,
se um "protético" está com a cabeça tonta...
Mas “troco um pelo outro e não peço volta”,
se a prótese fura³ a gengiva ou se solta
e só o paciente é quem paga essa conta.

¹Quanto é a despesa, se..., Quem paga a despesa, se..., 
De quem é a culpa, se...
²ou se erra a mão, a montagem e a monta; monta: importância ou valor. ³eufemismo: digo que "fura" para não dizer que "sangra".

III- "Reféns da assistência"

     1) "Atestado e encaminhamento"
Se chega um relapso que emite atestado,
recebe atestado de incompetente — 
se é negligente e se for inclemente
com quem pagou caro pelo seu cuidado.
Sem ter mais dinheiro e decepcionado,
vai um paciente "refém da assistência"
tentar se curar do Mal da Incompetência,
"doando um jaleco para a Academia,
querendo vestir a Odontologia
com habilidade, perícia e paciência".

     8) Erro odontológico?
O "fim do caminho"¹ é onde um paciente
não pode provar que odontólogo é falível
e o jeito é curtir com palavra indizível
um "procedimento"² ineficiente!
Quem já viu dentista pagar penalmente
por erro ou omissão que, uma vez, praticou,
se alguém, cujos dentes ele obturou, 
jogou a dicção e a estética a perder,
e, em vez de poder mastigar e comer,
vai “comer o pão que o [...] [padeiro]³ amassou”?

¹"o pior de tudo".
²triagem, limpeza, obturação ou restauração, extração, cirurgia, prótese e outro.
³adaptação do provérbio que se aplica a esse caso hipotético, mas teve uma palavra substituída no verso, em respeito à categoria dos dentistas.

3ª Parte- Conotação geral

    1) Esquema fonético
     Ou: Palavra-chave e pronúncia-padrão
Odontólogo sabe qual é o fonema
que a boca produz com vogal e consoante:
o som fricativo, o som sibilante
e o som linguodental que sai com problema.
Querendo, só basta fazer um esquema¹,
"ligando a palavra¹ à pronúncia-padrão²;
conforme a pronúncia e a articulação
da língua nos dentes, gengiva e arcada³,
não precisa ele perguntar mais nada:
já sabe onde tem de fazer correção.

¹fonético ou linguodental.
²palavras comuns e palavras-chaves com a respectiva pronúncia convencional.
³por dentro da arcada dentária.

      2) Funções do dente
O dentista sabe "de cor e salteado"¹
que o dente possui estas quatro funções²:
pronunciar bem a palavra e expressões,
não deixar que o rosto fique deformado,
e todo alimento ser bem mastigado — 
além de manter a saúde bucal.
Não posso entender nenhum "lapso causal"
que o leve a esquecer uma só dessas partes.
"Ó deus Esculápio³, por bem, não descartes
a fisiologia* da Cura Dental!"

¹só pela lembrança; não precisa ninguém lhe dizer.
²dicção, estética, mastigação e profilaxia, além de muitas outras funções.
³Esculápio ou Asclépio, O Deus da Medicina e da Cura; o símbolo da Odontologia homenageia essa figura mitológica.
*estudo das funções de um órgão.

      3) Prêmio Nobel
"As funções do dente com a sua exigência*
é que vão dizer as Funções do Dentista."
Por isso, convém ele ser detalhista
como é um detetive em uma diligência.
Assim consolida a sua experiência
e agrada conforme o serviço que faz.
Dentista como esse, com o tempo, é capaz
de elevar o nome da categoria.
E um Prêmio Nobel de Odontologia
é o auge da sua carreira eficaz!

*é claro que existem mais outros fatores determinantes e reguladores.

      4) Intenção de súplica
"Serviço bem-feito é um remédio infalível";
dá vida a um sistema aberto ou hermético¹.
"Tomara que assim seja" todo protético
e todo odontólogo — onde lhe é cabível:
escreva² o prontuário com letra legível,
conheça a estética e a fonoaudiologia,
seja "um milagreiro" ao fazer cirurgia³,
"dê fé" ao Ofício* com integralidade,
renove o sentido de espiritualidade 
que um Anjo é seu guarda, que Deus é seu guia!

¹fechado, misterioso, enigmático.
*os verbos no imperativo (escreva, estude, etc.) "não estão mandando nada": cada um integra uma oração subordinada "subjetiva" que completa a oração principal "Tomara que".
³cabível somente ao dentista.
*"dar fé a" quer dizer acreditar em; no caso do servidor público, são dois ofícios: do diploma e do cargo.

      5) Estresse e desempenho
Se houver um dentista que se estressar
com o seu paciente quando o atender,
convém pensar nisso e, nas férias, fazer
um curso de Yoga para se acalmar;
aprender as técnicas de se relaxar
em curso que o CRO* recomende.
Assim, vai ter calma com os outros e entende
que doente aos prantos não tem nada a ver
com a raiva ou o problema que o aborrecer;
e o seu desempenho melhor se desprende.
      *Conselho Regional de Odontologia.

ÍNDICE DE RECAPITULAÇÃO
POEMA DO DENTISTA
1ª Parte- Homenagem ao Mérito
    I- Sequência de funcionamento
       1) Reconhecimento aludido
       2)  Encaminhamento pela ficha
       3)  Sequência do tratamento
       4) Estágio de outro profissional
    II- Característica profissional
       1) Nível de alta categoria
       2) Mais além da expectativa
       3) Persistente conhecido
    III- Agradecimento e diferença
       1) Trauma e agradecimento
       2) Estrelana Superlativa
       3) Virando-se em dois, três...
       4) Caneta de alta rotação
        (estrofe bárbara com 12 versos hendecassílabos) 
2ª Parte- Contrapeso da competência 
ou Apêndice da incompetência
    I- Negações com indicações 
       1) "Genial extremista"
       2) Menos um, que atender mal
       3) Menos outro sem a ficha
       4) Procura e indicação 
   II- Prótese de dor
       1) Prótese e grampo furador
       2) Negação e prejuízo
        ou: Protesista e protético, um pelo outro
   III- "Reféns da assistência"
       1) "Atestado e encaminhamento"
       2) Erro odontológico?
3ª Parte- Conotação geral
       1) Esquema fonético
        Ou: Palavra-chave e pronúncia-padrão
       2) Funções do dente
       3) Prêmio Nobel
       4) Intenção de súplica
       5) Estresse e desempenho     

Notas:
1ª) O poema acima e seu apêndice delineiam bons e maus perfis de profissionais, e não, de nomes pessoais. No mesmo, estão sublinhados os termos hipotéticos de erro na profissão, por meio do pronome relativo e restritivo "que", da conjunção condicional "se", dos artigos indefinidos, frase interrogativa e outro recurso gramatical  tudo para não incorrer em generalização. Isso contribui para a crítica salutar, evita ofensa ao profissional e perseguição ao escritor, além de excluir qualquer outra injustiça decorrente dessa observação da vida real.
2ª) Esse poema tem 23 estrofes: 22 décimas (com 10 versos) — ora com verso de 7 sílabas métricas (redondilha maior), ora com verso hendecassílabo (11 sílabas métricas)  quase todas com rimas intercaladas (abbaaccddc), e mais uma estrofe bárbara de 12 versos, contendo metáfora (sentido figurado) e hipérbole (exagero), que a Poética sugere, condizendo com a realidade observada pelo autor.

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