18/03/2018

Homem da taberna

penosa pergunta, indagação silenciosa,
poema semelhante a uma crônica. Quatro décimas.

      1) Vida Amada!
Topei no pé da calçada...
Vi um homem junto ao copo
de cuja dose, eu não topo
tomar um trago por nada.
"Perguntei à Vida Amada
por que isso acontecia."
Mas ela não respondia
e eu fiquei impressionado;
tive pena do coitado,
sentindo o que ele sofria.

      2) Comoção consequente
Segui, fazendo esta crônica
sobre a face desse homem
e dos tragos que o consomem
pela aguardente tônica.
"A Vida tornou-se afônica
e ele estava calado."
Fui ficando emocionado
e enquanto eu me comovia,
o homem não se mexia,
na cadeira, bem sentado.

      3) Silêncio vivo
Quem sabe se ele pensava
na vida silenciosa?
que a taberna luminosa
tem a paz que ele esperava?
"Sua imagem combinava
com o silêncio da taberna."
Sem barulho nem baderna,
ele estava pensativo,
dando sinais de estar vivo,
de que ainda se governa.

      4) Sem mais pergunta
Mas depois, fui esquecendo
o cenário impressionante.
Aquele homem pensante,
não sei o que está fazendo.
"Seja pensando ou bebendo,
não sabe que me fez pena."
E a sua imagem serena
talvez fosse mais ditosa
sem a pergunta penosa
que havia naquela cena.

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